Sempre tive interesse por relógios, principalmente modelos mecânicos suíços e alemães, conhecidos como símbolo de precisão e acabamento. Na atual sociedade, em que todos os bens são projetados para não durar, os relógios mecânicos ainda demonstram uma época em que o cuidado na manufatura de um objeto atingia limites extremos.
Com a dominação dos relógios a quartzo, é impressionante que algumas fábricas ainda se disponham a projetar mecanismos extremamente complexos, com uma única função precípua: "marcar o tempo".
Tome-se como exemplo o modelo IWC IL Destriero Scafusia, com mais de setecentas peças, vinte e uma funções, dentre as quais um calendário perpétuo, fases da Lua e um mecanismo para atenuar os efeitos gravitacionais sobre o movimento. Sua construção dura cerca de um ano e é altamente complexa.
Tudo isto para obter um relógio menos preciso e infinitamente mais caro do que um modelo a quartzo com as mesmas funções. Seu mecanismo representa o máximo em perfeição, tornando-se um desafio para seus construtores e orgulho para seus donos. Preço do modelo: aproximadamente $ 250.000,00 dólares.
O relógio mecânico também demanda cuidados, fazendo com que o dono se apegue ao mesmo. O relógio a quartzo, pelo contrário, não necessita de atenção, quando muito uma troca de baterias. O questionamento dos princípios e mecanismos aplicados ao relógio também é extremamente interessante.
Ajustes frequentes de data e hora, gastos com manutenção, possibilidade de defeitos... Mesmo assim, talvez nunca use um relógio a quartzo.
Flávio Maia